Consumo de rádio via streaming dobra desde 2015, diz Share of Ear

Quase no apagar das luzes de 2023, a imprensa norte-americana especializada em mídia estava repercutindo os dados de mais um recorte do estudo “Share of Ear” da Edison Research. O destaque é para o fato de que a parcela total do tempo de audiência de rádio oriunda de transmissões digitais mais do que dobrou desde 2015. Em 2023, essa parcela atingiu 13%, um salto significativo dos 6% registrados em 2015, entre ouvintes com 13 anos ou mais. Essa média se assemelha a alguns recortes relacionados ao Brasil e, nos dois casos, existe um consenso de que esse campo ainda pode ser expandido de forma mais significativa nos próximos anos, além de contribuir diretamente com o consumo no dial.
De acordo com a análise desses dados da Edison Research, essa tendência de crescimento é evidente em todas as faixas etárias, mas é particularmente marcante entre os ouvintes mais jovens. Os dados mais recentes revelam que 19% do tempo total de audiência de rádio, na faixa de 13 a 34 anos, é feito através de transmissões digitais, um aumento de 72% em relação a 2015, quando apenas 11% do tempo de audiência deste grupo era online.
A pesquisa da Edison ainda destaca que não são apenas os jovens que estão dedicando mais tempo às transmissões de rádio online. Entre os adultos de 35 a 54 anos, também se observa uma mudança significativa nos hábitos de consumo. Atualmente, 14% do seu tempo de audiência é destinado a streaming de rádio, em comparação com 8% em 2015.
No entanto, o maior aumento se dá entre os adultos de 55 anos ou mais, que dobraram seu tempo de audiência em transmissões de rádio nos últimos anos. Quase um décimo do tempo deste grupo, que cresceu ouvindo rádio tradicional, agora é dedicado a escutar transmissões de estações via streaming.
Em novembro passado, o tudoradio.com já havia feito um recorte semelhante sobre o Brasil, indicando que o streaming de rádio avançou em consumo e tornou-se estratégico para emissoras brasileiras, oscilando entre 10 a 25% do total da audiência de determinadas estações, com variação para mais a depender do formato/gênero da rádio analisada. Também avança em qualidade técnica, acessibilidade ao usuário/ouvinte e também no número de dispositivos aptos a receber esse tipo de mídia.
Também aumenta a cada dia a oferta de aparelhos conectados. Muito se fala no crescimento de smart speakers na composição da audiência de rádio, fator que é determinante em mercados como o do Reino Unido, mas são os smartphones os grandes responsáveis por esse impulsionamento no Brasil, Estados Unidos, França, entre outras localidades. Tanto que existem alertas que é necessário achar maneiras de acelerar o consumo de rádio via streaming através dos celulares, um campo muito promissor para o setor. Afinal, todo smartphone pode ser considerado um rádio em potencial e eles estão guardados nos bolsos e bolsas das pessoas.
“Enquanto que segundo o Denatran temos em média 0,6 carros por habitante, a FGV indica que há 1,2 smartphones por habitante, ao longo dos últimos 3 anos temos visto tanto nos relatórios da Nextdial quanto da Kantar com o Extended Radio, que o consumo local de rádio via streaming mais que dobrou, chegando a representar 15% da audiência local das emissoras. O que indica a relevância do dispositivo no consumo do rádio, seja no FM ou no streaming, mas não só isso, o peso que a qualidade e estabilidade da transmissão via streaming tem tanto na manutenção quanto na ampliação da audiência local e nacional das emissoras de rádio”, diz Thiago Fernandes, CEO da Nextdial.
Voltando ao recorte recente do estudo Share of Ear, a empresa faz uma ressalta no caso norte-americano, lembrando que o streaming de rádio ainda não é tão presente nos automóveis, onde está o maior consumo de rádio por lá. “É importante notar que um grande fator na velocidade dessa mudança é a quantidade de audiência de rádio que ocorre no carro”, destaca a Edison em uma postagem de blog. “Embora qualquer pessoa com um smartphone possa ouvir streaming de rádio ao dirigir, nossa estimativa é que apenas cerca de um por cento do tempo de audiência de rádio no carro seja via transmissões digitais.”
Streaming agrega ao dial e amplia a experiência
Também como já destacado pelo tudoradio.com, o streaming de rádio já serve de parâmetro para o trabalho executado no dial. De acordo com a Kantar IBOPE Media, no Brasil o digital tem agregado, em média, 35% de alcance ao consumo no dial, considerando as estações que estão no top 10 da plataforma Extended Radio, ambiente que monitora e afere o consumo de rádio nos ambientes on e offline.
A qualidade técnica avança, assim como o uso de todos os recursos disponíveis ao streaming. É possível constatar em plataformas agregadoras de rádio, como o tudo.radio e o App tudoradio.com, que a experiência do usuário foi aprimorada pelas próprias estações, que passaram a cuidar da qualidade do áudio disponibilizado via streaming e até a geração de conteúdos adicionais por esses canais enquanto o dial cumpre obrigações específicas, como horários políticos e Voz do Brasil, mantendo o ouvinte engajado com o perfil da rádio durante toda a geração de áudio ao vivo.
“Além de todas as vantagens que proporciona em termos tecnológicos, o streaming não é afetado pelas amarras legais do rádio convencional. Como se sabe, a radiodifusão é altamente regulada. Já pela web, não é necessário, por exemplo, transmitir a Voz do Brasil ou cumprir o limite de tempo para publicidade. O streaming, portanto, permite que a emissora aumente a produção de conteúdo e a entrega para os anunciantes”, destaca Fernando Morgado, consultor de rádio.
Thiago Fernandes comenta também que, a partir de dados dos últimos 24 meses de mais de 300 emissoras de rádio de capitais, regiões metropolitanas e interior, foi possível identificar no ecossistema aferido pela Nextdial que, em média, 48% de todos os ouvintes que sintonizam as emissoras no streaming o fazem de dentro da cobertura do sinal terrestre. “Isso nos permitiu observar clientes que fizeram ajustes na programação monitorando as curvas de audiência local do streaming tiveram muito sucesso e, posteriormente, refletiu nos relatórios da Kantar, com destaque para a Rádio Capital de São Paulo e a Maringá FM do Paraná”, conta Fernandes.
“Conforme já abordei nos meus artigos para o tudoradio.com, o streaming complementa e amplia a experiência proporcionada pelo dial. Além disso, permite a adição de novos recursos, como textos e imagens. Tudo isso acaba por impulsionar o consumo de áudio via internet, especialmente entre os mais jovens”, afirma Morgado.
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